Portugal

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Pouco se sabe de Alhandra antes da reconquista cristã. Resulta daqui a incerteza referente aos seus fundadores.  

Um facto porém parece indesmentível e tem a ver com o seu topónimo acusar origem árabe. De raiz árabe, o nome Alhandra deriva, por corrupção, de Alhama. Daí haver algumas opiniões no sentido de atribuir àquele povo os fundamentos da povoação.

De qualquer forma a origem desta vila perde-se através dos séculos, uma vez que, durante a reconquista cristã, ficou despovoada. Este despovoamento deveu-se à insegurança do local. Os povos instalados, até então, nestas paragens foram à procura duma melhor segurança em outras terras, melhor defendidas.

O esporádico achado de uma ânfora no Tejo junto ao mouchão de Alhandra, lembra a importância da navegação romana nestas paragens. Foi essencialmente vila de pescadores e camponeses até meados do século XX. Na sua origem, os habitantes de Alhandra fixaram-se no reduto hoje conhecido por Miradouro, morro sobranceiro ao Tejo. Em tempos este rio chegaria ao sopé daquele monte, ideia retirada do facto de outrora existir ali uma argola típica para amarração de barcos.

Nesse morro ergue-se a Igreja Paroquial mandada edificar pelo Cardeal D. Henrique em 1558, então Arcebispo de Lisboa, onde antes existia uma ermida dedicada a Santa Catarina, virgem e mártir.

A Vila de Alhandra torna a aparecer repovoada no reinado de D. Sancho I, através do Foral concedido pelo Bispo de Lisboa, D. Soeiro II, em Abril de 1203, (60 anos após a fundação da nacionalidade), reinava então D. Sancho I, o Povoador.  A partir desta concessão uma nova vila ganhou vida, começando desde logo a crescer e a desenvolver-se - acções que não abandonou ao longo dos séculos.

Alhandra, que desde a sua fundação era coito de criminosos e devedores (uma das três formas como foram repovoadas as terras de Portugal) é descoitada por um Alvará de 23 de Janeiro de 1586 (século XVI).

Em plena idade média, a região de Alhandra tratava-se de um couto, sendo, por consequência, propriedade do Clero, dando início a uma situação de excessiva subjugação económica dos moradores da vila aos prelados. Apenas em 1834 é decretada uma Lei que faz cessar as regalias dos prelados sobre os moradores do Concelho da Vila de Alhandra, embora estes tivessem mantido os seus títulos honoríficos. Esta mesma Lei só foi confirmada a 22 de Junho de 1846. 

De qualquer forma, já em 1480 as regalias dos prelados tinham diminuído por meio de uma escritura (espécie de 2° Foral) feita a 11 de Janeiro, entre D. Jorge da Costa (Cardeal Alpedrinha) e o Senado da Câmara de Alhandra.

Durante mais de 6 séculos, Alhandra foi concelho, o qual incluía, para além da vila, as freguesias de S. João dos Montes e S. Marcos da Calhandriz, período durante o qual foi erigido o Pelourinho. Em 1795 foi elevada à categoria de juízo de fora. No entanto, o concelho de Alhandra é suprimido no século XIX, por carta de lei de 26 de Junho de 1855, carta esta promulgada a 24 de Outubro do mesmo ano, aquando da reforma administrativa, onde os concelhos das Vilas de Alhandra e Alverca foram anexados ao concelho de Vila Franca de Xira.

Fazendo parte do decreto-lei de 24 de Outubro de 1855, é criado um oficio de Tabelião de Notas em cada um dos suprimidos julgados, a ser exercido na vila ou lugar capital dos mesmos. É também nesta última localidade a cabeça da comarca.

Em 1666 contava Alhandra 600 fogos e pertencia à Comarca de Torres Vedras.

As actividades produtivas dominantes eram, até ao século XIX, a pesca no Tejo, a agricultura nas lezírias e o fabrico de telha e tijolo (estas duas últimas actividades a remontarem à época árabe).

No final do mesmo século esta situação foi alterada pela forte implantação industrial: a Fábrica de Alhandra, da Companhia Fabril Lisbonense (onde se deu a 1ª greve de Alhandra e do Concelho de Vila Franca de Xira, em 1898), a Fábrica de Lanificios de Alhandra, na Quinta da Figueira e a 1ª Fábrica de Cimento Portland em Portugal com a marca "Tejo", fundada por António Teófilo de Araújo Rato, instalaram-se na Vila entre 1892 e 1894.

O fim do século XIX foi marcado, também, por um importante movimento cultural: fundação da Sociedade Euterpe Alhandrense, em 1862, inauguração do Teatro Tália Alhandrense, em 1865 e do "moderno" Teatro , Salvador Marques, em 1905. 

À dinâmica cultural soma-se o republicanismo, defendendo a abolição da Monarquia, surge primeiramente o Centro Republicano Alhandrense, a 23 de Outubro de 1881, impulsionado por Lino de Macedo e Angélico Marques. Mais tarde, aparece o Centro Democrático Alhandrense, a 5 de Maio de 1905, que deixaram na vila o gérmen da ideologia que viria a expandir-se e a ganhar eleições locais ainda em plena monarquia.

É entre Alhandra e Torres Vedras que se estendem as chamadas Linhas de Torres, muralha contínua repleta de redutos e contrafortes, construída entre os anos de 1810 e 1811 estando em Alhandra o primeiro distrito da primeira linha, e que se apresentaram como uma muralha intransponível às invasões francesas, comandadas por Massena.

Foi aqui, que nos dias 14 e 16 de Outubro de 1810 se travaram 3 importantes batalhas, que ficaram conhecidas como "Combates de Alhandra" e "Combate do Bulhaco.

Foi também a partir de Alhandra que em 15 de Novembro partem as tropas Luso-britânicas em perseguição de Massena.

No extremo sudeste da chamada Serra de Alhandra, é possível observar o monumento em memória de tais feitos, erigido no ponto onde antes existira o reduto n.º 3, também conhecido pelo reduto da Boa Vista.

Para conhecer mais sobre Alhandra, visite www.alhandra.net.

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Página actualizada em 2005-10-05