Portugal

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Alhandra, para grande orgulho das suas gentes, foi berço de personagens ilustres da nossa História, os quais pela sua grandeza, deixaram marcas indeléveis que ainda hoje testemunham a sua existência.

 

Afonso de Albuquerque nasceu em Alhandra no ano de 1453 e faleceu a 16-12-1515 em Goa e foi o segundo filho do terceiro senhor de Vila Verde (dos Francos), Gonçalo de Albuquerque.

Foi segundo governador da Índia, neto e bisneto dos escrivães da puridade de D. João e de D. Duarte. 

Foi um brilhante militar e político sendo considerado como o maior governador da Índia. Era dotado de uma energia indomável, tendo um espirito aberto às mais avançadas concepções.

De família aristocrática, foi educado na corte de D. Afonso V, onde estudou matemática e se familiarizou com os clássicos. Acompanhou o futuro D. João II na campanha de Castela (1476), serviu em Arzila e Larache (1489) e em 1490 fez parte da guarda de D. João II.

Serviu de novo em Arzila (1495), voltando depois a integrar-se na guarda real. Enviado à Índia em 1503 com o seu primo Francisco de Albuquerque, tendo cada um o comando de três naus, venceu as forças de Calecute, ergueu a fortaleza de Cochim e estabeleceu relações comerciais com Ceilão, tendo regressado experiente e sonhador em 1504. Expôs a D. Manuel o seu sonho imperial, alicerçado na conquista das posições estratégicas do Índico, tendo convencido o monarca e os membros do seu conselho.

Para o executar partiu para Oriente em 1506, como capitão-mor do mar da Arábia e com a provisão (secreta) que lhe confiava, desde 1508, o governo de toda a Índia.

Conquistou os portos de Omã e fez tributária de Portugal a riquíssima cidade de Ormuz (1507). Apoderou-se de Goa (1510) e de Malaca (1511), tendo sido, em 1513, o primeiro capitão europeu a sulcar o Mar Vermelho.

Desenvolveu intensa actividade administrativa e diplomática para consolidar a soberania portuguesa. Concluída a Fortaleza de Ormuz (1515), viu completada a cadeia de pontos capitais para assegurar o monopólio maritimo-comercial dos produtos da Índia.

Veio a falecer à vista de Goa, em 16 de Dezembro de 1515, não sem saber que na cidade o aguardava para lhe suceder um dos seus mais acérrimos inimigos pessoais: Lopo Soares de Albergaria enviado pelo rei D. Manuel I.

Marinheiro e soldado, estratego escritor (primorosas as suas Cartas para o rei), estadista e diplomata, foi o maior vulto de toda a história ultramarina portuguesa, a ele se ficando a dever as bases sobre as quais se manteve durante séculos o Império Português do Oriente.

 

Filho de proprietários rurais, Soeiro Pereira Gomes nasceu em 14 de Abril de 1909 no lugar de Vilar, em Gestaçô, perto do Porto, onde passou a infância.

Frequentou a Escola Agrícola de Coimbra, fazendo o curso de regente agrícola. Depois emigrou para Angola, exercendo a sua profissão por cerca de um ano. Voltando a Portugal fixou-se em Alhandra, em 1932, onde trabalhou no escritório da Fábrica de Cimentos Tejo. Lá desenvolveu uma intensa actividade de dinamização cultural junto aos operários. 

Mas a sua grande vocação como escritor foi o que o tornou ilustre. Foi um dos fundadores do neo-realismo em Portugal. A partir de 1939 os seus primeiros textos são publicados no O Diabo, semanário que contribuiu para a formação de uma consciência neo-realista.

Da sua obra constam dois romances, onde a crítica social é profunda, e vários contos, que são uma exaltação do comunismo e dos seus militantes. 

Militante comunista, Soeiro Pereira Gomes foi membro do Comité Central do Partido Comunista Português, o que o levou a entrar na clandestinidade em 1943, condição em que viria a morrer seis anos depois, vítima de tuberculose, impossibilitado de receber o tratamento médico de que necessitava.

A sua obra maior é Esteiros, publicado em 1941, com ilustração de Álvaro Cunhal e com uma dedicatória - "aos filhos dos homens que nunca foram meninos", que consegue retratar o sentir profundo de um grupo de crianças cuja infância foi roubada pelo trabalho numa rudimentar fábrica de tijolos à beira-Tejo.

Engrenagem, romance publicado em 1951, já depois da sua morte, foi escrito na clandestinidade, assim como os Contos Vermelhos, Última Carta e Refúgio Perdido, também publicados postumamente.

 

Joaquim Baptista Pereira nasceu a 7 de Março de 1921, em Alhandra. 

Filho de Júlio Pereira e de Adelaide Baptista, era um dos rapazes que, andrajosos, pés descalços, famintos, pontuavam as ruas da Vila e que nunca foram à escola.

Neles, um factor comum mais os reunia: o nadar no Tejo, atravessando-o, ou ao longo das suas margens, em liberdade plena; nadar nos esteiros na hora da sesta, em desafio e brincadeira com os "patos bravos" dos telhais, usar o grande rio nas fugas aos castigos e à sanha dos adultos. 

Com a charca que deu origem à Piscina, na década de 30, os dirigentes do Alhandra Sporting Club começaram por recrutar os nadadores adultos e aqueles rapazes que iam banhar-se na charca e que, por sua vez, miravam com algum gozo os adultos e os meninos bem comportados que nadavam "à cão", ou boiavam com coletes ou presos aos cintos de aprendizagem. Que figurão eles faziam, os rapazes da rua, perante aqueles autênticos "patos marrecos".

Ernesto Júlio Galamba foi o "segundo pai" de Baptista Pereira: recolheu-o, vestiu-o, alimentou-o, disciplinou-o sempre com dificuldade, pois a liberdade do Gineto, tal como ele a sentia, estava a ser ameaçada.

Mas criava-se o Baptista Pereira, e uma nova imagem surgiu nas competições de Piscina e de rio, ao lado do seu mais próximo rival, companheiro e amigo também de Alhandra e do A.S.C.: Jofre de Carvalho. 

Baptista Pereira revolucionou a natação competitiva de piscina em Portugal. A supremacia incontestada, há muitos anos, do Sport Algés e Dafundo, com as suas piscinas de Verão e Inverno. e grandes nadadores que tinham contribuído, a alto nível, para o progresso da natação no País. Alberto Azinhais dos Santos e os Bessones - foi em grande parte ultrapassada por este Gineto que, na Piscina e no Rio, "comia" distância e adversários.

Ele pulverizou os recordes nacionais dos 200, 400, 500, 800, 1000 e 1500 metros livres. O seu estilo especial, e apesar das lições do húngaro Tarok; no Estoril, onde rmuitas vezes no Inverno foi Ievado por Ernesto Júlio Galamba - Crawl quando nos arranques ou nos pontos finais, Trudgen para um andamento certo, implacável levou-o a ser a figura de primeiro plano da natação portuguesa, de 1938 a 1949.

Ou seja, dos 17 aos 28 anos, com mais esta qualidade para um nadador invulgar: começou tarde, mas deixou um rasto imperecível.

Deixada a natação pura, a de piscina, a força e a paixão do grande atleta levaram-no às maiores façanhas no mar e no rio, que culminariam com a vitória da travessia do Canal da Mancha, em 21 de Agosto de 1954, em 12h e 25s. com os recordes, por duas vezes estabelecidos, na Travessia do Estreito de Gibraltar, em 25 de Outubro de 1953 com o tempo de 5h e 4m e em 22 de Setembro de 1956, com o tempo de 4h 34m e 6s, e com o recorde da Europa de distância e permanência na água , estabelecido no Tejo no ano de 1959, com a distância de 206 Km em 28 horas e 43 minutos.

Passou a ser e pela primeira vez na história do desporto português um atleta com notícia em jornais e revistas a nível internacional, tendo sido em virtude dos seus grandes feitos, galardoado com a rnedalha de mérito Desportivo Nacional.

Faleceu em Alhandra, a 22 de Junho de 1984, e está sepultado no cemitério da Vila.

 

Nasceu em Alhandra, a 7 de Março de 1843 (embora na certidão de baptismo conste a data de 7 de Fevereiro, devido a um engano do funcionário de registo). 

Era filho de Caetano Martins, carpinteiro, e de Maria das Dores de Sousa Martins, doméstica, ambos de Alhandra. Sousa Martins permaneceu solteiro até à morte e, que se saiba, não deixou filhos. Teve duas irmãs, uma das quais enfermeira, a qual o acompanhou mais de perto.

Orfão de Pai aos 7 anos, aos 12 entrou como praticante para a farmácia de seu tio Lázaro Joaquim de Sousa Pereira - a Farmácia Ultramarina -, farmácia ainda hoje existente na Rua de S. Paulo, em Lisboa. 

Frequentou o Liceu Nacional de Lisboa e a secção de Ciências Naturais da Escola Politécnica. De manhã nas aulas, à tarde na farmácia e à noite dando explicações, assim completou Sousa Martins o seu curso de farmacêutico, em 1864, com as melhores classificações e os primeiros prémios. 

Mas já em 1861 se havia matriculado na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, conseguindo sempre as mais elevadas classificações. Concluiu o curso de Medicina em 1866, com apenas 23 anos, tendo defendido a tese O Pneumogástrico Preside à Tonicidade da Fibra Muscular do Coração, que, pelo seu impacte, originalidade e valor, viria a ser publicada e a constituir uma obra de referência.

Em 1868 foi nomeado, por concurso (Decreto de 27 de Agosto), demonstrador da secção médica da Escola de Lisboa e nesse mesmo ano foi eleito sócio da Sociedade de Ciências Médicas. Em 1872 foi designado lente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e, dois anos mais tarde, médico extraordinário do Hospital de S. José e anexos. Em 1874 viria a ser nomeado delegado de Portugal na Conferência Sanitária Internacional de Viena, por Decreto de 26 de Maio.

De 1873 a 1876 desempenhou o cargo de secretário e bibliotecário da Escola Médico-Cirúrgica, cargo que abandonou por ter assegurado a cátedra de Patologia Geral, Semiologia e História da Medicina (criada por carta de lei de 10 de Maio de 1876). 

Em 1881 presidiu à comissão executiva e à secção de medicina da expedição científica à serra da Estrela e em 1883 foi nomeado director efectivo da Enfermaria de S. Miguel, do Hospital de S. José, enfermaria que hoje tem o seu nome.

Em 1897 foi delegado à Conferência Sanitária Internacional de Veneza, onde foi eleito para a vice-presidência. Regressou a Portugal com a saúde bastante debilitada e com poucos meses de vida, não obstante ter ainda procurado melhoras no Sanatório da Serra da Estrela, que ele próprio ajudara a criar.

Desempenhou muitas e variadas comissões de serviço público, entre as quais avultam: secretário e relator da comissão encarregada de redigir a Farmacopeia Portuguesa, obra notabilíssima para a época e publicada em 1886; secretário e relator da comissão revisora do regulamento quarentário de 1860; membro da comissão sanitária encarregada de propor os necessários melhoramentos no Lazareto de Lisboa; membro da comissão sanitária encarregada de propor as medidas a tomar no caso de proliferamento, em Lisboa, da cólera asiática; membro da comissão encarregada pela administração do Hospital de S. José de reorganizar o Formulário de Medicamentos.

Conhecido pela sua bondade e pelo seu enorme prestígio como médico, cientista e professor, José Thomaz de Sousa Martins é hoje tido como um "homem de ideias avançadas para a época em que viveu" e, simultaneamente, um "guia espiritual" a quem numerosos devotos solicitam a concessão dos mais diversos milagres e curas.

Faleceu em Alhandra, com 54 anos de idade, a 18 de Agosto de 1897, vítima de tuberculose pulmonar

 

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Página actualizada em 2005-10-05