A História da Quinta de Subserra é, durante mais de três
séculos, a história de um morgadio e de seus proprietários, ou
seja, de um vínculo e da classe nobre que o possuiu.
Sabemos quem foram os senhores e seus descendentes, quando
nasceram e morreram, com quem casaram, seus nomes e seus feitos.
Ignoramos, porém, quem construiu a capela e o palácio, quem
trabalhou o jardim, as vinhas e os pomares, quem habitou em
redor da quinta trabalhando nela e para ela.
Assim, o historial que se segue, não pode ser mais que o
historial de um propriedade com seus imóveis e terrenos e de
seus possuidores e senhores.
"He este lugar o mais fresco que quantos o Tejo une por que de
todas as partes está cercado de árvores de fruto, principalmente
da de Espinho as quais estando verdes todo o ano fazem parecer
isento das injúrias do tempo, as outras frutas de Verão se
colhem nesta terra de melhor sabor e perfeição que quantas se
conhece na Europa. Nasce isto da bondade águas que arrebentando
da serra regam abundantemente estes pomares e do sobejo dela que
pelas mais corre se faz um grande tanque que serve para a
limpeza de todo o lugar. He este sítio sanissimo, e não morrem
os homens nelle senão de muy larga idade."
Com estas palavras apreciou Manuel Severim de Faria, chantre da
Sé de Évora, o lugar de Subserra quando, em Novembro de 1609, se
deslocou à povoação para visitar a sua família.
Os Severins tinham solar na povoação desde princípios do século
XV quando, após a conquista de Ceuta o fidalgo francês Pero
Severim, fora recompensado por D. João I com grande extensão de
terras em Subserra.
No inicio do século XII várias famílias nobres possuíam quintas
no lugar: Jácomes, Morais, Pedrosas, Pretos, Távoras e Pegados.
A abundância de água, a excelência dos ares e «a variedade que
tem de aspectos e vistas» eram certamente razões de peso na
instalação de casas nobres no lugar.
Em 1633 Diogo da Veiga, rico homem regressado da Índia, funda a
Capela de S. José, dando início à hoje chamada “Quinta de
Subserra”, que é continuada por sua filha D. Bárbara de
Vasconcelos e por um sobrinho desta, D. João Roxas de Azevedo.
Deste período é a capela de S. José com seus azulejos
seiscentistas e a tela pintada a óleo por Bento Coelho da
Silveira, pintor que em 1678 substituiu Domingos Silveira no
cargo de pintor régio. Ainda na mesma capela se encontram os
túmulos de D. João Roxas de Azevedo e de sua mulher D. Maria
Josepha de Contreras.
Prosseguindo a propriedade de morgadio nos seus descendentes
que, através de casamentos, se ligam a outras casas nobres,
surge-nos no início do século XIX a “Quinta de Subserra” nas
mãos de D. Isabel de Lemos e Roxas casada em segundas núpcias
com Manuel Inácio Martins Pamplona.
Regressados a Portugal em 1821, após exílio motivado pelas
simpatias napoleónicas do general Pamplona, reedificam a capela
e palácio, este consideravelmente arruinado desde o terramoto de
1755. Uma lápide colocada sobre a fonte fronteira ao palácio
atesta o restauro dos imóveis da quinta.
O século XIX será o tempo das marquesas de Bemposta e Subserra –
D. Maria Mância de Lemos Roxas Carvalho Teixeira Valnia a
(1804-1881) e sua filha D. Maria Isabel de Lemos Roxas Saint
Léger (1841-1920) – sendo a Quinta ponto de convívio da alta
nobreza do tempo e objecto de visitas régias.
A marquesa de Bemposta era filha do primeiro casamento de D.
Isabel de Lemos e Roxas com Manuel de Lemos e herda o 2º título
de 2ª Condessa de Subserra do padrasto, general Pamplona, 1º
Conde de Subserra.
Pelo casamento em segundas núpcias, com D. Theodoro Estevão de
Larue torna-se Marquesa de Bemposta e Subserra.
D. Maria Isabel de Lemos Roxas Saint Léger pelo casamento em
1861 com António de Saldanha Oliveira Zuzarte Figueira e Sousa,
1º Marquês de Rio Maior, torna-se Marquesa de Rio Maior,
Bemposta e Subserra.
A propriedade sofre alguns melhoramentos e arranjos,
nomeadamente os jardins já existentes, a gruta, o tanque dos
peixes, os pombais e a estrada de acesso à quinta.
Nos finais do século XIX, era a “Quinta de Subserra” a única
casa de vulto no lugar, tendo as outras casas nobres entrado em
decadência ou ruína.
“Foi outrora Subserra importante povoação muito habitada de
fidalgos, que aqui tinham suas casas e de homens bons que aqui
viviam constantemente. Hoje há uma pequena aldeia de poucos
moradores”.
Assim se referia a Subserra Lino de Macedo em 1893.
A casa dos Severins, depois dos Manuéis, condes de Vila Flor,
que fora o primeiro solar da localidade, era nesse tempo também
já apenas uma lembrança. Com a morte, em 1920, da Marquesa de
Rio Maior, Bemposta e Subserra, sem descendência, a propriedade
vai para seu sobrinho José Luís de Almeida, 6º Marquês do
Lavradio.
Entrada em decadência, a quinta é vendida e passa sucessivamente
por vários proprietários durante o nosso século: Pierre Benoist,
Silva Araújo e João Guedes de Sousa, sendo a este último que se
devem alguns arranjos nos jardins e sobretudo na azulejaria
exterior que é quase totalmente colocada no seu tempo.
Reveste-se também de grande interesse a visita aos jardins
geometrizados com um traçado característico do séc. XVIII.
Todo o conjunto, com uma área de 18 hectares é propriedade
municipal.
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